Compras, creches, contas, e mais uma ou outra palavra começadas por “C”


Há uns dias que ando para escrever este post, mas não conseguia descortinar como o havia de começar, para não afugentar logo a caça. Cheguei então à conclusão que mais vale começar pelo fim, pela moral que se pretende retirar desta história, e depois irmos por partes (como diria o estripador).

Portanto, moral da história: não faças contas, que tudo se há-de arranjar, e o país precisa mesmo dessa criança.

Vamos então por partes: é óbvio que a concepção de uma criança deve ser resultado de uma ponderação prévia cuidada e não apenas de uma noite de chavascal irresponsável. Esta é uma verdade inquestionável por uma série de motivos: o óbvio (se tens 14 anos e foi só uma noite no Urban, o que tu precisas no dia seguinte é de um brunch, não de um filho); o racional (se és maior e vacinado mas a tua vida tem a mesma estabilidade que o Costa Concordia deves ter antes um gato); e o outro… aquele… o guito (sussurrado, porque é vergonha).

Enquanto pai da criança (e homem à séria), as tuas preocupações a nível de aquisições para o petiz dispõem-se provavelmente da seguinte forma:

1 – Uma roupinha do Benfica para a saída da maternidade;
2 – Um cachecol do Benfica daqueles pequeninos para pôr no berço;
3 – O Red Pass;
4 – Um jipe daqueles elétricos cheios de cenário (embora na caixa diga “3+”, o que quer dizer que a única pessoa que vai gozar aquilo és tu);
5 – Uns All Star e umas botas da Timberland;
6 – Um biberon da Super Bock;
7 – Um lenço igual ao do Tim para usar ao pescoço;
8 – Uma sela para montar no cão;
9 – Um capacete para a mota;
10 – Cenas de bebés.

O facto incontornável é que, passada aquela loucura inicial das coisas “tão giras” (e passados os dois primeiros chimbalões dados pela mãe da criança para acordares para a vida), o que é preciso mesmo, embora penoso, é começar a pensar nas “cenas de bebés”.

Tudo isto tende a complicar-se quando um amigo (também em fase de pré-paternidade) te diz: “Olha, eu tenho aqui uma lista que uma amiga nossa nos deu e que dá muito jeito”, e te envia um ficheiro em Excel com 107 linhas. 107 Linhas! Nem o Maradona…

Mas a vida é assim… A criança precisa de comer, precisa de deitar fora, precisa de dormir, passear, vestir-se, entreter-se, aprender, tomar banho, ir à Luz… Enfim. Uma criança precisa de muita coisa.

Para quem tem pais ricos ou é cliente do Totta isto é uma maravilha, é ir aos ElCorte Ingleses e aos Mercaditos da Carlota da vida e perder a cabeça com os carrinhos da Bugaboo e com as roupinhas da Laranjinha, e inscrever logo a criança nos Salesianos ou no João de Deus.

Mas que não se preocupem aqueles menos abastados, que tudo se arranja. Há carrinhos a menos de 300€, a Zippy tem roupa com muita pinta, a Primark é óptima para comprar básicos, há dezenas de sites onde se consegue tudo aquilo que um bebé precisa a preços muito vantajosos, vão ter muuuuiiita gente a querer dar-vos coisas que os filhos já não precisam e que estão lá em casa a ocupar espaço (tipo carrinhos e banheiras e afins), o OLX é uma opção que não deve envergonhar ninguém, e as IPSS são óptimos estabelecimentos de ensino e têm as mensalidades definidas mediante os rendimentos dos pais.

Por isso nada temas! E, acima de tudo, não faças muitas contas.

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