24 Horas de Lemamas


Para aqueles que, tal como eu, têm uma profunda admiração por seios (e note-se que é uma admiração extremamente respeitosa, tal como aquela que temos por um quadro bonito ou assim), a chegada de uma criança é algo fabuloso, mágico até. Digamos que é quase como sermos o Fernando Mendes e abrirem uma Alice dos Leitões mesmo em frente à nossa casa.

Não é de facto à toa que chamam à gravidez a boob job dos pobres. As maminhas da mãe da criança crescem e incham e, se tivermos em conta o facto de que, após o nascimento, passam a vida de fora, temos aqui composto um belo ramalhete.

Mas deixemo-nos de devaneios fisionómicos e centremo-nos no essencial, que é tecer algumas considerações (sérias e úteis) relativamente a este assunto, para que o incauto cidadão não seja apanhado desprevenido em situação alguma e saiba sempre como reagir…

Comecemos pelas coisas que vão/podem acontecer ao nível da anatomia da coisa (ou das coisas vá, que são duas): as maminhas crescem, as maminhas enrijecem, as maminhas podem criar caroços (do leite) que precisam de ser desfeitos (na maioria das vezes basta aplicar calor e fazer umas massagens, que é uma graaande chatice), as maminhas pingam e as maminhas esguicham (num espectáculo de luz e cor absolutamente inolvidável). Os mamilos também crescem (por vezes bastante, e bastante é mesmo bastante), os mamilos às vezes dão a ideia de se estarem a desfazer (soltam-se pequenos pedaços de pele), e os mamilos podem gretar e criar pequenas feridas (lembram-se do que faziam às tampas das bics? A relação causa-efeito é mais ou menos a mesma).

Tudo isto é normal e nada disto é um drama, um nojo, ou sequer um assunto. Tal como com a questão do parto, tornam-se coisas normais do vosso dia-a-dia e devem ser tratadas assim mesmo, como coisas normais do dia-a-dia. Lá em casa são até muitas vezes alvo de gozação mútua e de muita gargalhada… Ainda outro dia a mãe da criança me gritava lá do quarto em tom de gozação que tinha as mamas a jorrar outra vez e eu apressei-me a levar-lhe uma cápsula de Ristreto para ela me tirar uma meia de leite bem forte…

Agora que já não vai haver surpresas (anatomicamente falando), resta-me apenas tecer alguns alertas quanto à parte prática da coisa:

1 – A alimentação é das coisas mais importantes dos primeiros tempos de vida da tua criança, e acredita que a admiração dela por mamas, por muito difícil que isso te possa parecer, é ainda maior do que a tua, por isso descuidem-se com a roupa, com os brinquedos, com os banhos, com o que quiserem, mas muita atenção ao munchy munchy (seja ele da mama, do biberon ou da lata, não vou entrar em polémicas). Mame ela tudo de uma vez ou seja mais pastelona, esteja ela sempre bem acordada ou passe ela o tempo a adormecer (e passes uma hora a tirar-lhe peças de roupa e a fazer-lhe cócegas nos pés), se é para comer é para comer, e tem que haver muita paciênciazinha.

2 – A nós não nos faz grande mossa porque não é uma tarefa que nos esteja naturalmente atribuída, mas a verdade é que a produção do leite é um peso muito grande em cima dos ombros da mãe da criança, e que pode muitas vezes colocar sobre ela uma pressão que acaba por ser prejudicial a essa mesma tarefa. Como o psicológico aqui tem um papel fundamental, toca a desdramatizar o assunto e a elogiar (de forma elegante hã, nada de ordinarices) os seios das mães e a sua capacidade fenomenal de produzir leite suficiente para servir um regimento de bombeiros sapadores em pleno mês de agosto.

3 – Vais ler muita diarreia por essa internet a fora. Os fundamentalistas da maternidade são especialmente ávidos por este assunto das mamas e das mamadas. Como resolver? Simples: falam com o/a pediatra na maternidade e fazem o que ele/a mandar. Todos os bebés são diferentes e por isso cada caso é um caso. Se a criança perdeu muito peso e o/a pediatra manda dar de mamar de duas em duas horas, vocês dão de mamar de duas em duas horas. Se o/a pediatra diz que a criança tem que comer pelo menos uma vez durante a noite, nem que seja preciso darem-lhe com um pano encharcado nas ventas para acordar, vocês é o que fazem… Independentemente da mamã_alzira_1964 do fórum das Grávidas Lindas dizer que não se acorda os bebés durante a noite.

4 – As crianças mamam muito, principalmente nas primeiras semanas/meses de vida. Isto quer dizer que as suas mães passam muito tempo a dar-lhes de mamar… Lógico. Posto isto, e já que gostas tanto de mamas, aproveita para lá estares enquanto elas estão à vista. Pode parecer que não, mas o simples facto de, sempre que possível, fazeres companhia à mãe da criança nestas horas inacabáveis que ela passa de mama de fora, já é uma ajuda muita boa. Já para não falar de que é mais um par de braços para pegar naqueles kilinhos, os pôr a arrotar e os adormecer depois de acabarem de mamar.

E sim, tal como aconteceu à Carolina Patrocínio, também para ti a palavra “mamada” ganhará todo um novo significado.

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