Ah… A sabedoria popular…
Todos sabemos que
Portugal é um país de ditos e ditados, de truques e mezinhas, de crenças
antagónicas e de pessoas que são só muito pouco sensatas… Portugal é o país
onde se curam terçolhos com uma moeda de 5 cêntimos e o sangue de uma virgem,
onde em quarto minguante não se cortam as unhas dos pés, e onde ainda se
acredita que o Inspetor Max é ficção de qualidade.
Assim sendo, e
tal como seria de esperar, rapidamente me apercebi que todo o universo que
envolve o nascimento de uma criança está envolto num nevoeiro hilariante de
mitos e crenças antigas. Este tema dava para um almanaque daqueles bem grandes,
mas para não nos alongarmos muito, vou só reproduzir alguns dos meus
preferidos:
Capítulo I – A previsão
da prole: Uma tia arranca um cabelo à mãe da criança (só isto já merecia um chapadão),
pendura uma aliança na ponta e pendura-te aquilo sobre a palma da mão. Se andar
às voltas vai ser uma menina, se andar só para a frente e para trás, vai ser um
menino. Repete até aquilo não mexer, sendo que a quantidade de vezes que aquilo
mexer ainda te diz quantos vão ser ao todo. É o chamado dois em um. Nunca
falha! Melhor só se entretanto também tirasse um cappuccino.
Capítulo II – O sexo:
Basta olhar para a barriga! Se for bem redondinha é uma menina, se for assim “mais
pontuda”, como diz a vizinha brasileira, é um menino. Não há que enganar, é a
tenda armada já…
Capítulo III – Os
enjoos: Esta é óbvia… Se a mãe da criança sofre de muita azia durante a
gravidez é porque a criança tem muito cabelo. Toda a gente sabe que o cabelo é
uma coisa super indigesta… Aliás, quando está muito calor a direcção geral de
saúde aconselha a não comer enchidos e cabelos.
Capítulo IV – A cura
dos enjoos: Basta a mãe da criança soprar para a nuca do pai da criança
enquanto ele dorme, para passar os enjoos para ele… Óbvio. Claramente a pessoa
que inventou este mito nunca esteve 20 minutos aos pontapés ao marido para ele
se virar na cama para parar de ressonar. Depois ainda lhe ia soprar para a
nuca? Ias ias…
Capítulo V – Os acessórios
de moda: A mãe da criança não pode usar medalhas nem fios ao pescoço porque
fazem marcas de nascença na criança. Cheira-me que há aqui todo um mercado de
personalização de bebés à espera de ser explorado… Parece que já estou a ver os
próximos bebés que o Ronaldo encomendar, a virem já com o “CR7” tatuado no
rabo.
Capítulo VI – As doenças
causadas por coisas imbecis: Tenho que confessar que deixei para o fim um dos
meus preferidos. Atentem bem nesta pérola da ciência moderna: A mãe da criança
não pode andar com tesouras no bolso, porque senão ela pode nascer com lábio
leporino. Tesouras! Tesouras…
No meio disto
tudo fico muito mais descansado por nunca nenhuma avó me ter dito: “Olha, querem saber o
sexo da criança? Vão ali à Joaquim Chaves e façam uma ecografia.”, ou “Epah, se
querem mesmo saber porque é que a mãe da criança tem tantos enjoos é fácil,
marcam uma consulta com a obstetra que ela vê isso.”. Isso sim, seria preocupante…
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