E na montra nº 1 temos… Uma menina! Espetáááclo!
Começando por ignorar o apresentador cor de rosa no meio da sala, e o quão este título pode parecer ordinário, avancemos diretamente para aquilo que é importante neste texto: a criança tem um pipi! E agora?
Não vale a pena
estarmos com m#rdas, ainda que para a mãe da criança possa ser indiferente,
porque se for um menino vai ser o menino da mamã e se for uma menina vai ser
uma boneca para vestir e pentear, homem que é homem, e ainda que não o assuma,
quer é um pequeno macho, para jogar à bola, atirar ao ar, brincar às guerras e
às corridas e ensinar a apalpar as nalgas às miúdas na rua… Isto é um facto, e
tudo o resto são hipocrisias neo-humanistas de gajos armados em modernos que
têm medo de dizer às mulheres e às sogras que estão tristes porque assim não vão
ter com quem fazer concursos de arrotos.
Pronto,
conquistado que está o público mais afeto às ideologias neandertais, tratemos
então este assunto como ele deve ser tratado: com imparcialidade e sem
machismos (e vá, com o rabo um bocado apertado).
Começo já à
campeão por oferecer um conselho que vou apelidar (fanfarrónicamente) de “mega
precioso”: tendo em conta que, havendo uma preferência pelo sexo da criança,
existe sempre 50% de hipótese de se ferrarem e não sair o que vocês querem,
talvez a coisa mais sensata a fazer seja, até saberem o que é que aí vem, serem
o mais comedidos possível tanto no que dizem como no que pensam. Lembram-se da
última vez que tiveram que convencer as vossas caras metades (e a vocês
próprios) de alguma coisa? Fosse de que não, não tinham olhado para as mamas da
irmã dela, ou de que não, não se importavam de comer só sopa ao jantar… Agora
imaginem o que é convencerem-se a vocês e a elas de que estão super felizes na
mesma, quando passaram 3 ou 4 meses a dizer que queriam mesmo era ter uma
menina para ser bem comportada e estudiosa, e agora vão ter um rapaz que vai
passar a tudo com 3, vai andar sempre todo esfrangalhado e vai passar a vida
com a caderneta cheia de recados...
No nosso caso,
por exemplo, existiam apenas… chamemos-lhes tendências: a mãe da criança sempre
assumiu que achava muita graça aos meninos (embora ficasse doida cada vez que
passava por um vestido), e eu sempre disse que achava que vinha aí uma menina
(talvez já numa tática inconsciente para me ir preparando para essa
possibilidade), pelo que a notícia foi muito bem recebida pelos dois.
Agora não
estejamos é com rodeios… Vivemos num mundo cheio de galifões (dos quais
provavelmente até já fizemos parte), por isso sim, o rabo contrai-se muito cada
vez que pensamos no que aí vem…
Esta notícia traz
é sempre consigo uma série de rituais (aparentemente) impossíveis de evitar,
dos quais destaco os seguintes:
1 – A avó chora
de alegria;
2 – O avô
rejubila porque não vai ter que ir para a rua jogar à bola e assim pode
continuar à frente da televisão a ver a CMTV e o Preço Certo;
3 – Os amigos
homens perguntam se já compraste uma caçadeira;
4 – As amigas
mulheres perguntam quando é que a podem levar às compras;
5 – A mãe pensa
no futuro e na quantidade de desigualdades que ela terá que enfrentar;
6 – Tu pensas no
isolamento total num colégio interno de freiras no Burquina Faso (ou em como é
que a vais conseguir manter afastada de saias curtas, decotes, soutiens push
up, cuecas fio dental, depiladoras e maquilhagem, pelo menos até aos 40 anos).
Posto isto, por
agora é rezar para que da mãe só herde o mau feitio, e que o resto vá buscar
aos genes do pai, tipo a força nos punhos e a barba.
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