Haja (im)paciência…


Já aqui falei anteriormente, em jeito de queixume choramingas, da questão da espera e do suplício que ela representa… Na altura, e creio que em relação àqueles primeiros meses em que “nada se passa”, lamuriava-me que era frustrante e desesperante aquela espera por começar a ver a barriga crescer, ou sentir alguns movimentos da criança…

Silêncio escárnio-condescendente.

Se nessa altura sonhasse o que é passar pelo último mês (sim, está bem, as últimas quatro semanas) da gravidez tinha era tido vergonha e ficado caladinho (chibatada nas costas).

A verdade é que, e mariquices à parte, esta espera é uma das maiores ânsias que alguma vez vais experienciar na vidinha (sim, mesmo que sejas adepto de um clube que perde campeonatos aos 92 minutos).

Na prática a sensação é como se vivesses com uma bomba relógio mas em bom…

A ânsia de finalmente conseguires pôr as manápulas em cima daquela criatura, embrulhada com a incerteza de quando é que se vai dar o big bang, como é que vai ser, onde é que vais estar, quão grande vai ser o pânico e a bagunça (por favor que não seja nos estofos do meu carro), é uma mistura capaz de fazer perder o tino até ao gajo mais calmo e paciente desta terra. E acreditem, eu sou um gajo que muitas vezes é achincalhado por ser demasiado calmo e paciente.

Há no entanto algumas formas de (tentar) controlar os danos deste rodeo pré-natal:

1 – Tira férias. A não ser que sejam daqueles pais “Kinder Surpresa” que não querem saber sexos nem datas de nascimento, nem nada dessas coisas, logo nas primeiras ecografias vão ficar a saber a data prevista para o nascimento. Nesta altura ainda deves estar mais do que a tempo de tirar/alterar as tuas férias. No nosso caso, por exemplo, tirei uma semana para trás e uma semana para a frente, confiançudo de que não há grandes derrapagens. Estares em casa nos finalmentes (e de preferência na hora H) vai ajudar a reduzir bastante o stress e a ansiedade de todos e a que os últimos dias sejam alegres e tranquilos, como se quer. E sim, já sei que há crianças que nascem muito antes e outras muito depois, deixem-me generalizar, que chatos…

2 – Não te ponhas a jeito. Viagens longas, horas de ponta, fins de semana fora… Tudo isso nesta altura é… estúpido vá. Aquela célebre afirmação de um grande colosso do life coaching e das remodelações pseudo-contemporâneas aquando do atentado ao Charlie Hebdo do “Estavam a pedi-las”… É isso, mas agora sem ser em idiota.

3 – Preparem tudo com tempo. Logo que chega o final do segundo trimestre é hora de fazer a mala da criança, fazer a mala da mãe, coloca-las no carro juntamente com o chassi do carrinho (que já só está a ocupar espaço em casa e que se não for já nunca mais te vais lembrar), experimentar pôr e tirar o ovo do carro umas quantas vezes (para não teres que aprender in loco com uma criança recém nascida lá dentro).

4 – Visitem a maternidade. Todas as maternidades, sejam públicas ou privadas, fazem “visitas guiadas”. É bom. Desmistifica, desdramatiza, informa e, acima de tudo, ficas a saber por onde é que se entra, para depois não teres que andar com uma grávida com 8 dedos de dilatação a fazer um tour pelo campus todo do hospital à procura de onde é que se para o carro, para no fim entrares com ela pelo serviço de cirurgia ortopédica.

5 – Tem sempre gasolina no carro e nunca se afastem muito dele. Não vais querer ter uma caminhada de 10Km para fazer quando a criança decidir pôr a cabeça de fora, e muito menos ter que ir ao balcão de uma área de serviço pedir 20€ de gasóleo, um pacote de compressas e uma tesoura de clampagem.

6 – Descansem e relaxem. Não só porque provavelmente é a última oportunidade que terão para o fazer nos próximos vá… 30 anos, mas também porque esta é, sem sombra de dúvidas uma das melhores partes desta coisa, e vocês não a vão querer estragar com stress e preocupações, nem a esta, nem à que aí vem…

Não tem nada que saber.

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