UUhh, que nojo! E a anatomia de uma fralda.


Certa noite, há muitos, muitos anos atrás, entrei num balneário de um campo de férias e deparei-me com o cenário dantesco de uma sanita que, ninguém sabe muito bem como, explodiu. E quando eu utilizo a expressão “explodiu”, não é metaforicamente. Havia sanita propriamente dita espalhada pelo chão, e havia todo um manancial de dejectos espalhado, literalmente, por todo o lado.

Como se de um super poder se tratasse, acho que desde essa noite fiquei mais ou menos imune a toda uma generalidade de nojeiras e coisas abjectas que, à generalidade da restante população, causam algum asco. Talvez o facto de ter um canídeo com 40Kg que todos os dias me obriga a apanhar merda do chão também ajude…

A verdade é que, tal como aconteceu com as “logísticas” do parto, e mesmo para quem não teve uma ligação tão próxima com porcarias nojentas como eu tive no passado, aquela coisa do “como é que vai ser quando eu tiver que trocar fraldas e assim?” vem-se a revelar muito menos dramática do que o que possamos pensar. Sim, mesmo para aqueles que calçam 3 pares de luvas de latex cada vez que têm que lavar a loiça à mão.

Vamos então trocar isto por miúdos, para custar ainda menos. A coisa não tem nada que saber: logo nos primeiros dias de vida a criança começa a fazer chichi (primeiro) e cocó (depois). O chichi quase não se dá por ele (há umas fraldas que mudam de cor quando estão mijadas que dão um jeitão para criaturas abrutalhadas como nós que não conseguem perceber apenas apalpando) e o cocó inicialmente (e durante os primeiros meses) é líquido e praticamente inodoro. Podes considerar estes primeiros meses como aquela via de aceleração da auto-estrada, para te ires habituando aos poucos ao ritmo (aspeto e cheiro) da coisa. Aí ao fim do primeiro mês a coisa começa a feder um bocadinho, mas muito ligeiramente, nada que não se aguente (no pior dos casos com o nariz e a boca enfiados para dentro da t-shirt). Nada mau hã? Nada a temer!

Quanto às fraldas, é tal e qual como quando tiraste a carta: ao início estás meio desajeitado e atrapalhas-te um bocado, mas ao final de uns tempos já estás a cronometrar tempos para te picares com os teus amigos que também já guiam. E também aqui, não há nada que saber: é tirar a fralda suja utilizando-a à saída para tirar a maior parte da javardeira, faxinar tudo muito bem faxinado com as toalhitas ou compressas ou o pano da cozinha ou o que preferirem (ou estiver mais à mão), creme (se o rabo da criança já vos parecer o do Rafiki), abrir a fralda nova, enfiar o lado que tem os adesivos para trás da criança, duas dobras na parte da frente para não ficar por cima do cordão (enquanto não cai), ajustar bem na barriga, colar e pimbas, está feito!

Nunca em momento algum:

- Pegar na criança sem fralda. A não ser que te queiras habilitar a, depois de limpares a criança, teres que limpar o troca-fraldas, o chão, a parede, a tua roupa, and so on…

- Começar a trocar uma fralda sem teres tudo à mão. Das duas uma, ou “largas” a criança para ires buscar o que te falta, ou pões de lado o orgulho e chamas pela mãe dela para pedir ajuda. Entre uma e outra venha o diabo e escolha.

- Pores-te ao alcance dos canhões. As necessidades fisiológicas da tua criança são tão imprevisíveis como o jogo de pés do Renato Sanches, e seja menino ou menina, a capacidade das crianças de expelirem coisas de jato pode ser surpreendente, por isso deixa lá os beijinhos e as brincadeiras parvas para quando a fralda estiver posta.

- Trocar fraldas “sem rede”. Cá em casa, mesmo no troca-fraldas, temos sempre um resguardo (daqueles descartáveis) para qualquer eventualidade, no entanto, em qualquer outra “bancada de trabalho” é sempre imperativo que exista algo que possa separar o cocó e o chichi da restante paisagem. A não existência de um “dispositivo de segurança” é muuuuito ariscada. E estúpida vá…

Resumindo e baralhando: Vai haver muita porcaria? Vai! Mas não custa tanto quanto aparenta ao longe. E se custar, aguentas e não choras. De certeza absoluta que, se pensares bem, rapidamente chegas à conclusão que já fizeste coisas bem mais javardas.

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