Vais ser pai! Agora está caladinho.


Lembras-te daquele Natal em que recebeste uma Super Nintendo e não pudeste passar o dia a gabar-te disso porque os teus pais te fizeram prometer que não dizias nada aos teus primos? É isso… Vezes 100.

Saberes que vais ser pai, seja através de uma surpresa super elaborada ou num encontro rápido durante a tua hora de almoço em plena Avenida de Roma, é um dos momentos mais surreais que alguma vez irás ter, mas aquilo que se segue é de uma atrocidade e de um horror sem precedentes.

Acabaste de saber que vais ser pai. O que é que tu queres fazer? Contar a toda a gente! A TODA a gente! Inclusive àquelas 4 pessoas (que tu não conheces de lado nenhum) que vão contigo no elevador enquanto voltas para o escritório.

Seja por uma questão de extremo contentamento (numa visão mais romântica da coisa) ou por uma vontade incontrolável de partilhares com o mundo esta prova inquestionável da tua virilidade e da tua capacidade de cumprires com os teus propósitos mais básicos enquanto homem (numa visão mais neo-machista, ou ignóbil vá…), aquilo que te apetece é escrever imediatamente num sms “VOU SER PAI C%#$LHO!!!!” e enviar para toda a tua lista de contactos. Mas não… Podes tirar o cavalinho da chuva. Não vai acontecer.

Depois da canetinha mágica voltar para a caixa e de passar aquela euforia inicial dos abraços, beijinhos e do “Estou tão feliz que só me apetece dizer asneiras!”, vem a parte do “Mas temos que ter calma!”. E o teu subconsciente solta um tremendo “Maaauu…”.

Na realidade, e tal como referi anteriormente, parece que a taxa de gravidezes que não resistem às primeiras semanas é maior do que se possa imaginar, e por isso manda o bom senso que se deixem passar umas semanas e se façam umas ecografiazitas antes de se começar por aí a contar a toda a gente, sob pena de, se a coisa correr mal, não só terem de lidar com isso, como também terem que o explicar às 57 pessoas que por dia vão passar a perguntar-vos: “Então, como é que está tudo a correr? Estão entusiasmadíssimos não??”…

It sucks, doesn’t it? Por isso, e para não haver dramas, isto processa-se como nos negócios: ficamos muito contentes quando apertamos a mão, mas festa festa só fazemos quando a assinatura do senhor está lá no papel e o dinheiro dele está na conta da empresa.

Há quem aponte para as 12 semanas, há quem diga que às 8 também já não há problema… Fica ao critério dos envolvidos e da sua capacidade de fecharem a matraca.

O que é facto, é que até lá, e provavelmente pela primeira vez na tua vida, vais mesmo ter que fechar a boquinha. Vai custar? Vai! Muito? Sim! Depois vais andar um mês a ouvir “Como é que foste capaz de não dizer nada este tempo todo??”? Vais! Mas imagina o que seria fazeres o teu patrão gastar 10.000€ em garrafas de Dom Perignon para a empresa toda e passado uma semana dizeres-lhe que afinal aquele cliente com quem tinham feito o negócio do século decidiu trabalhar antes com o vosso maior concorrente…

Por isso, tento na língua. Pensa que quanto mais tarde começares a falar disso mais tarde vais começar a ouvir os teus amigos mais sinceros a dizer “Epah, já não te posso ouvir falar disso!”.

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