Férias com crianças Parte II – A Redenção
E eis que, após
uma ausência prolongada devido a cenas, O Pai da Criança regressa à carga e
logo com um tema que lhe é tão, mas tão querido: férias!
Pois bem, aqueles
que seguem O Pai da Criança no Instágrã já hão-de ter reparado, pelo fluxo das
chamadas “publicações mete nojo” das últimas semanas, e o título deste post
também não deixa margem para grandes dúvidas: fizemos uma nova tentativa de ir de
férias e foi muita bom.
Para os que se
lembram (e os que não se lembram podem refrescar essas memoriazinhas de Dory aqui),
este verão tínhamos feito as primeiras férias com a nossa criança e a coisa foi
assim a atirar para o cansativa e muito pouco proveitosa. Uma coisa caseira, tudo
novidade, logística megalómana de principiantes, nada de horários ou rotinas
balneares (o que quer dizer muito pouco lazer ao nível da praia), refeições
para preparar, casa para cuidar, cão para passear, enfim, uma canseira quase
superior à do dia a dia fora de férias.
Pois então, visto
que ainda tínhamos uns diazitos para tirar, achamos por bem fazer uma nova
tentativa, desta feita reduzindo ao máximo as possibilidades de termos que
mexer uma palha para o que quer que fosse.
Após aprofundada pesquisa
e consideração de variáveis (preço, distância, “segurança”, amenities, etc.)
acabámos por optar pela Ilha do Sal em Cabo Verde, e, mais especificamente, pelo
Oasis Salinas Sea em regime All Inclusive, e deixem-me que vos diga: a escolha
não poderia ter sido mais acertada.
Aconselho a 100%
para pais e sua prole, e eis os principais motivos (não, não é só pela possibilidade
de às 10h da manhã já estar a emborcar piñacoladas):
- A Ilha do Sal
fica a 4h de Lisboa (de avião claro, se forem a nado é um pouco mais), viagem essa
que se faz relativamente bem, principalmente se conseguirmos gerir sonos e ter
a criançada a fazer uma sesta de duas horinhas durante o voo. Se assim for, as
restantes 2h entre descolagem, aterragem, comer (têm que pedir uma refeição
especial na altura da compra dos bilhetes, caso contrário não contemplam
refeição para eles, god knows why), ver o Baby Shark, a Masha e o Charlie 3
vezes e diabar um bocado, faz-se muito bem. Há sol todo o ano, temperaturas
entre os 27 e os 30 graus (com umas nuvens e umas aragens essenciais para a
coisa ser suportável), mar turquesa de temperatura apetecível (não, não é
quente, mas é muuuuito agradável) e, apesar do impacto inicial que possa
causar, é um sítio perfeitamente seguro e de gente muito afável e calorosa. O
Sal não tem muita coisa para ver, por isso, se não se esticarem muito, faz-se
bem num tour de meio dia, mesmo a tempo de voltar ao hotel por volta das 14h
para almoçar. Em contrapartida, aquilo que há para ver vale muito, mas mesmo
muito a pena.
- Embora não seja
uma pensão no Samouco só com estadia e pequeno almoço, a viagem no total não
fica estupidamente cara e, tendo em conta que as crianças até aos 2 anos não
pagam nada a não ser as taxas da viagem de avião, é de aproveitar enquanto é
tempo! É claro que o modo de reserva fica ao critério de cada um, mas posso
adiantar que é uma viagem que se marca bem por meios próprios e que em pacote
de agência ronda o dobro do valor (sem pressão).
- O resort onde
ficámos é ó-ti-mo e totalmente child friendly. Lemos muitas coisas antes de ir,
umas boas e outras más, íamos com as expectativas a 50%, e o facto é que só
temos a dizer bem. Não é um luxo (e daí ter perdido uma das 5 estrelas que
começou por ter) mas é um excelente 4 estrelas, principalmente se tivermos em
vista o regime All Inclusive. As instalações são bonitas, modernas e bem
cuidadas, a limpeza é imaculada, o staff é super prestável, atencioso e eficaz,
a comida é boa, variada (com opções para as crianças) e a bebida também (if you
know what I mean…). Os quartos são confortáveis e muito bem insonorizados
(estávamos num quarto com saída direta para o jardim, junto à piscina, a um bar
e a uma zona de refeições e, em estando a porta fechada, nada se ouvia).
Existem duas piscinas (uma para adultos, com um bar, e outra para a petizada) e
um pequeno jacuzzi, 4 bares e 4 restaurantes, tudo com espaço e assistência suficiente
para não haver filas nem bulhas por mesas ou espreguiçadeiras. Há animação de
manhã, à tarde e à noite, no hotel, na piscina e na praia. Não há cá grandes
ginásios e spas mas, em contrapartida há uma “creche” muito bem equipada que
funciona o dia todo e na qual se podem depositar as crianças (com mais de dois
anos) para se ir fazer cenas de adultos (tipo dormir). Crianças com menos de
dois anos podem estar o tempo que quiserem também, mas sempre acompanhadas
pelos seus progenitores. Neste espaço podem também levantar-se brinquedos para
a criançada levar para a praia.
- A praia deste
resort é a melhor da ilha. Calma, limpa, areia clara, mar relativamente calmo,
sombras que cheguem para todos e um bar assim delicioso.
- All Inclusive é
vida! Confesso que grande parte do sucesso destas férias se deveu a este
regime. Estar uma semana sem ter que pensar em sítios para refeições, gastos
adicionais, lanches para levar para aqui e para ali, refeições e snacks para a
Criança, etc, é qualquer coisa de maravilhoso. No hotel há onde comer e beber
durante todas as 24h do dia. Fora dos horários das refeições há sempre um sítio
(ou mais) onde se podem ir buscar snacks e bebidas para adultos e piquenos, o
que promove rotinas estranhas como chegares ao bar com dois biberons e pedires 500mls
de leite e uma caipirinha.
- A rotina de
resort é a melhor coisa de sempre para quem tem crianças piquenas. Period!
Acordar às 7h, estar no pequeno almoço às 7h30, estar na praia às 8h30, às 10h
ter os putos a dormir uma granda sesta à sombra enquanto os pais jibóiam à vez entre
o bar e o mar, almoçar às 12h, tomar um café, beber um digestivo e assegurar
umas espreguiçadeiras junto à piscina. Pôr os putos na água até acabarem as
pilhas. Mais uma sesta até às 17h. Aproveitar os últimos raios de sol, banho, Panda,
jantar antes das 20h, ver o espectáculo da noite, ir até ao bar da praia,
deixar os putos cansarem-se, beber um copo e siga, que amanhã há mais. No nosso
caso fomos dois casais com duas crianças com cerca de um ano, o que “facilitou”
ainda mais esta rotina tão desagradável. Pelo sim pelo não, aconselho a levar
intercomunicador pois, no nosso caso, se o tivéssemos levado, poderíamos ter-nos
dado ao luxo de estar um pouco mais na esplanada do bar (com vista para a
entrada do quarto obviamente) enquanto a criança já dormia.
Em suma,
considero-me totalmente redimido no que a vacances diz respeito e, portanto,
lanço-vos este repto: se tiverdes oportunidade, ide! Ide, levai as vossas
crianças e disfrutai, porque é bom mas bom.
PS – A cena das
piñacoladas às 10h da manhã vai acontecer… A primeira vai ser estranha e meia
envergonhada, mas depois vais pensar: “Epah, já estou a pé desde as 7h e para
além disso em Lisboa já é meio dia… Que se lixe!”.
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