Afinal como é que se marca pontos neste jogo?
Não serei
certamente o único homem a sentir que, neste jogo da relação e convivência com
um elemento do sexo oposto, estou sempre a levar uma cabazada daquelas à antiga…
Elas decoram tudo, nunca deixam passar data ou evento nenhum, sabem sempre o
que é que falta em casa, chegam sempre a horas a tudo, enfrentam todos os anos que nem gente grande esse bicho papão que é a entrega do IRS… Enfim… Tudo
coisas bastante significativas, principalmente quando comparadas com a nossa
capacidade para decorar os nomes dos plantéis todos de 3 ligas de futebol
diferentes, os ingredientes de uma receita de ovo estrelado, e pouco mais…
Pois que chegados
a esta fase crítica da parentalidade, parece que esta mesa ainda fica mais
inclinada e com o vento ainda mais de feição… Para elas. É um terror… Sabem as
semanas, têm os nomes dos médicos e as datas das consultas e das ecos na ponta
da língua, conhecem as marcas todas, sabem o que temos e o que precisamos,
estão informadas sobre as doenças, os exames, as licenças… Um escândalo!
Enquanto nós… Pintamos o quarto e projetamos uma piscina para a varanda. E
decoramos onde está guardada a roupa vá (porque montámos a cómoda e sabemos que
pusemos lá dentro o body do Benfica)…
Por muito que
alguns de nós até à data se tenham habituado a viver assim e a gostar (porque
na verdade era assim que todos gostávamos de viver a vida toda: como se
estivéssemos em casa da mamã, mas com mais coboiada), nesta nova circunstância
isto pode começar a tirar-nos um bocado o sono (ou pelo menos deveria).
Nada temam, isto
tem solução! E não, não passa por mandarem instalar mais um
disco para aumentarem a RAM… E não, não dói…
Aqui ficam alguns
truques que cá em casa resultaram (ou que pelo menos eu gosto de acreditar que
sim) e que podem ajudar os restantes incautos cidadãos a marcar uns pontinhos e
a poder continuar a ir jogar à bola ao domingo sem grande peso na consciência:
- Escrevam tudo.
Arranjem um caderno e tomem notas. Parece estúpido? Não é! E acreditem que
alivia bastante o chimbalão se a resposta em vez de ser “Sei lá eu!”, for “Sei
lá eu! Mas dá-me um segundo, que eu tenho a certeza que apontei isso algures.”
- Google
Calendar! A sério, depois de gritares, ou de chorares, ou de recuperares os
sentidos, ou de ficares de novo sóbrio, ou whatever, a coisa a fazer logo
depois de saberes que vais ser pai é (se ainda não tiveres) criar uma conta
Google Calendar e começar a marcar lá tudo. E tudo é mesmo tudo, desde as datas
das consultas e ecos e assim, até aos dias mais marcantes como os da passagem
dos meses ou das semanas. Se a mãe da criança quiser ter uma conta partilhada
pelos dois ótimo, se for só vossa, melhor ainda, porque assim ela vai pensar
que és mesmo tu que te estás a lembrar, e os pontos são a dobrar.
- Faz muitas
perguntas. Pergunta tudo, e mais do que uma vez se for preciso. As perguntas são
boas por duas coisas: marcas pontos porque mostras interesse, e sempre vais
absorvendo alguma coisa de útil.
- Faz os TPC. Lê
umas coisas. Informa-te um bocado. Não há nada que te dêem mais pontos e que tranquilize
mais a mãe da tua criança do que, ao falar-te num wrap sling, a tua resposta
não ser “Realmente também já comia qualquer coisa” mas sim “Olha, estive a ler
umas coisas sobre isso e parece-me que aqueles meios elásticos são os mais
confortáveis”; ou ao dizer-te que tem medo de não ter logo leite, a tua
resposta seja “Não te lembras do que ouvimos no curso? A primeira coisa que ela
vai mamar é colostro e isso todas as mulheres produzem, mesmo antes do
nascimento” em vez de “Eles bebem o quê? É leite magro?”.
Para além de te
folgarem a consciência quando sais para ir ao estádio, estas pequenas coisas
também acabam por funcionar como apaziguadores de pânico quando se começa a
avistar, cada vez mais próxima, a chegada da criança. É isto ou um saco de
papel para hiperventilar… Ou umas cabeçadas na parede com tal força que te
façam perder os sentidos e só acordar no dia em que ela entrar para a
faculdade.
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