Secorre, a minha vida vai acabar!
Para efeitos de
uniformização de audiências, vamos assumir que todas (as 3) pessoas que lêem
este blog (não mãe, tu não contas, e pára de ler isto, que mais tarde ou mais
cedo isto vai estar apontado aos avós e eu não quero cá ressentimentos e
choraminguices), apesar de machos fortes e viris, não são trogloditas do século
passado e não entregam às suas respetivas mulheres ou concubinas todas as
tarefas e responsabilidades que não sejam estar sentado à mesa a comer ou no
sofá a ver a bola.
Se assim é, e
dada a perspectiva da chegada de uma criança, de certeza que por esta altura a
vossa cabeça já não consegue evitar isto: Epah, e os jogos ao domigo de manhã?
E a corrida ao sábado? E as idas ao estádio ao domingo à tarde? E o meu número
mínimo de horas de Playstation por dia? E as minhas séries? E o Crossfit? Como é que eu
vou fazer com o Crossfit???
O facto é que,
seja por uma questão de tempo ou por uma questão de dinheiro, muito cedo nos
apercebemos que vai ser praticamente impossível manter todos os nossos hábitos,
hobbies, etc. (a não ser que sejamos daqueles xoninhas que vivem para trabalhar,
comer e dormir e que morrem cedo com ataques fulminantes de tédio ou de
hemorróidas), e isto é coisa para mexer com a cabeça de um homem. À séria…
Calma! Muita
calma nessa hora…
A minha sugestão
face a este flagelo, em alguns passos que tenho percorrido:
1 – Seja através
de autocomiseração, autoflagelação, psicanálise, hipnotismo, ou só um bocadinho
de sensatez, aceita esta nova realidade em que terás que abdicar de algumas
coisas, porque ela não vai mudar e quanto mais cedo estiveres confortável com
ela melhor. E se não consegues lidar com isto, talvez o devesses ter mantido
dentro das calcinhas (das tuas entenda-se).
2 – Organização e
prioridades. As compras para ir buscar não vão desaparecer, o labrador com 40Kg
que tens lá em casa não se vai transformar subitamente num Chihuahua que a mãe
da criança consegue passear aos 8 meses de gravidez, a escolha das coisas para
a criança não se vai fazer sozinha e o Mário Daniel ainda não tem nenhum truque
que te permita estar a assistir a uma ecografia e a fazer um EMOM de power
cleans ao mesmo tempo, por isso alguma coisa terá que ceder… Organiza a tua
vida consoante as tuas responsabilidades, vê que tempo te sobra, e encaixa lá o
que conseguires, nem que seja à martelada.
3 – Sê criativo.
Se o problema é tempo, inventa tempo… Vai num instante a casa à hora de almoço passear
o cão para poderes chegar um bocado mais tarde ao final do dia; diminui o
número de treinos semanais em vez de parares de uma vez, ou tenta alterá-los
para uma hora que não incomodem tanto (tipo logo de manhã); levanta-te um
bocado mais cedo para despachares algumas coisas que tenhas para fazer em casa;
tenta orientar as tuas atividades do fim de semana para de manhã cedo (senão já
sabes que vais ouvir que não vai dar porque vão dar cabo do dia todo), enfim,
orienta-te. Se o problema é o dinheiro que agora tem de ser todo canalizado
para fraldas, inventa alternativas… Não há dinheiro para o Crossfit, procuras
um parque perto de casa ou do trabalho que tenha um circuito de manutenção ou
semelhante, estabeleces uma rotina e objectivos (tempo, repetições, etc.) e
aplicas-te naquilo; se o dinheiro não chega para ir jogar todos os domingos de manhã,
deixa de beber café ou de jogar no Euromilhões (acredita que vai saber melhor
desanuviar uma vez por semana do que queimar a língua todas as manhãs ou
perceberes todas as semanas que ainda não foi desta). Enfim, com jeitinho (quase)
tudo se arranja.
4 – O que não é
essencial, que se lixe. Vais ter tempo para tudo o que não é essencial quando a
tua criança chegar aos 13 anos e te quiser ver mais longe a ti do que a um urso
pardo que não come nada há um mês.
Finalizando com
uma antítese bem fofinha em jeito de conselho (que tomei para mim e me tem
ajudado): Não desesperem. Com organização e um bocadinho de criatividade tudo
se arranja! É um facto que as responsabilidades e prioridades agora são outras,
mas por sermos pais (e mães) não deixamos de ser seres humanos e, se for caso
disso, não deixamos de dar em malucos e começar a babar-nos pelos cantos
enquanto declamamos os últimos posts da Maria Vieira. Para que isso
não aconteça é muito importante que haja equilíbrio, por isso não se relaxem,
façam um esforço (dentro dos possíveis claro) para manter alguns escapes e
alguns pontos de fuga. Tudo o que este mundo não precisa é de mais Marias
Vieiras, ainda por cima a babarem-se.
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