Então e agora os filhos dos outros?
Espalhemos um
pouco de polémica, que só coisas fofinhas e engraçadas a toda a hora tiram a
graça toda a isto…
Já por mais do
que uma vez me vi a braços com amigos angustiados pelo seguinte drama: “agora que
sou pai não me sinto no direito de não ter pachorra para as outras criancinhas,
nem de achar que não tenho que levar com elas”.
Agora que estou
prestes a ser pai, também já dei comigo a pensar sobre este tema, não porque me
apoquente, mas porque claramente a nossa sociedade assim o exige…
Vejamos a
seguinte situação: estamos na praia, relaxados, no nosso canto, a tentar dormir
uma sesta ou a tentar ler o 25º artigo do dia sobre o vídeo-árbitro. Nisto
passa uma criancinha, a correr e aos gritos, que consegue ao mesmo tempo
pisar-nos a toalha, atirar-nos areia para cima, salpicar-nos com a água que
traz no balde e deixar cair uma pinga de ranho mesmo no meio do ecrã do
telemóvel. Os paizinhos, que por uma breve fracção de segundo ainda esboçaram
uma pequena intenção de se desculparem, olham para a tua mulher, vêem que está
grávida e sorriem, com aquele ar de “ah, eles vão ser pais, eles compreendem…”.
E a minha opinião
sobre isto é bem simples: Errado. Tudo errado.
Não se martirizem
meus caros, aquela vontade que vocês sentem naquele momento de besuntar aquela
criança com o patê de sardinha das sandes e de a deixar 10 minutos à beira da água a levar
bicadas das gaivotas é legítima e perfeitamente aceitável.
Não, por sermos
(ou estarmos para ser) pais não temos nenhuma obrigação de compreender nem de
aceitar as tropelias das crianças dos outros, mesmo que isso nos custe um
daqueles olhares perfurantes de um outro progenitor (que ao mesmo tempo que nos
está a deitar aquele olhar, está a tentar que a sua criança desferre os dentes
da perna de uma velha).
As crianças são a
melhor coisa do mundo? Certo! Temos que as fazer em grandes quantidades porque senão
dentro de 50 anos não temos reformas? Certo! Temos que consentir que nos
importunem quando os pais não as sabem controlar ou acham que não faz mal
porque também somos (ou vamos ser pais)? Claro que não…
E no caso de a
vossa criança ser uma das que espalham brasas, mentalizem-se que, por detrás de
cada “não faz mal, deixe estar” está sempre um “Fod#a-se, ando eu com tanto
trabalho a educar os meus filhos para depois ter que levar com os filhos dos
outros…” ou um “epah, só espero conseguir que a minha filha não se transforme
num demónio destes”.
O truque para não nos acontecer a nós? Não faço ideia…
O meu vai ser fazer um esforço para garantir que as minhas crianças sejam
civilizadas e não chateiem ninguém… Não quero para aí nenhum desgraçado a demorar 3
horas para conseguir ler um artigo com meia dúzia de parágrafos a questionar o vídeo-árbitro,
já encharcado, com a toalha cheia de areia e o visor do telemóvel a parecer um
lenço de papel.
Comentários
Enviar um comentário