Homem que é homem arrota alto e não quer cá saber de crianças
Um homem à séria,
um homem mesmo… homem, forte e dominante e coiso, no que toca a esta história
da paternidade tem de se limitar a fazer o seu papel:
- Ir lá;
- Gabar-se de ter
lá ido;
- Gabar-se de ser
extremamente fértil;
- Rabujar porque
não é um rapaz;
- Fazer um ar de
total desinteresse e desconhecimento da matéria sempre que, durante a gravidez,
lhe perguntam alguma coisa;
- Mandar a mãe da
criança aos cursos e consultas e essas coisas, porque o pai não faz lá falta
nenhuma;
- Enquanto a
criança nasce, estar a ver os quartos de final da Champions na televisão do
segurança;
- Assim que a
criança nasce, ir-se embebedar com os meus amigos;
- Dormir as noites
todas porque a criança quer é mamas e nós não temos, por isso siga;
- Ter nojo de
cocó por isso não trocar fraldas com cocó;
- Ter nojo de
xixi por isso não trocar fraldas com xixi;
- Não saber muito
bem ao certo onde é que fica a creche, nem muito menos como é que se chama a
instrutora;
- Deus o livre de
deixar de ir treinar, de ir ao estádio ou de ir jogar à bola com a malta. A
criança pode muito bem ficar com a mãe;
- Dentes? Sei lá…
Já deve ter… A mãe outro dia estava-lhe a dar iscas ou que era, por isso acho
que sim.
E assim é que tem
que ser! À homem! Caso contrário és um menino e um pau mandado.
Eu infelizmente
tenho um problema em relação a isto (que juro que ando a tentar resolver): às
vezes não me consigo controlar e realmente arroto um bocado alto.
Quanto ao resto
tenho uma opinião muito própria: não é vergonha nenhuma sermos pais à séria,
gostarmos das nossas crianças, preocupar-mo-nos com elas, abdicarmos de meia
dúzia de coisas durante algum tempo e ajudarmos as suas mães o mais que podemos.
Antes pelo contrário. Vergonha seria se não o fizéssemos.
O facto é que,
ainda que sinta que pertenço a uma geração com uma mentalidade já bastante
diferente da que descrevi, ainda sinto muitas vezes aquele tom do: “f#$a-se
olha-me este pussy…”. O que acontece é que como sou um gajo muita bem resolvido
e muito fiel às suas convicções, este tipo de situações comigo normalmente têm
sempre o mesmo desfecho: eu assumo sem qualquer problema a minha opinião quanto
ao assunto e, regra geral, não deixo morrer a conversa sem ter a certeza de que
o meu interlocutor machão se fica a sentir mal em relação à sua.
Resumindo e
baralhando: não é vergonha nenhuma esfarrapar-mo-nos pelas criaturas, nem tão pouco
deve ser vergonha assumirmos que o fazemos, seja em que circunstância for, caso
contrário vamos começar a andar para trás outra vez e não tarda estamos novamente a dar-lhes sopas de pão e vinho antes
de irem para creche de manhã (com a mãe claro).
Vergonha é
arrotar alto. Mas juro que estou mesmo a fazer um esforço para evitar.
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