“Não é Veterinária, é Pediatra porra!” - O problema de ter os filhos depois de ter animais.



Bem que me avisaram que ter uma criança depois de já ter animais ia dar asneira… E de facto eu não estava preparado para o que aí vinha… Não estava, confesso… É um desatino constante, e temos tido uma dificuldade imensa em lidar com isto…

E vocês perguntam: Então? Os velhos do Restelo tinham razão? São os pêlos? É o tamanho? É o barulho? Os animais fazem mal à criança? Pois que… Não, nada disso. Os velhos do Restelo continuam a servir apenas para fazer excelentes croissants açucarados; os pêlos são alguns, mas felizmente o senhor Ives McGaffey resolveu esse problema em 1869; o tamanho, tal como em muitas outras coisas, não interessa; o barulho… enfim, quem, como nós, vive em ruas com recolha de lixo, sabe que o barulho em casa é uma coisa muito relativa; e o único mal que os animais fazem à criança é fazerem-na rir tanto que às vezes fica cheia de soluços.

O verdadeiro problema de ter uma criança depois de ter animais são os hábitos que transitam de uns para os outros, mas com nomes ou circunstâncias diferentes.

A verdade é que esta realidade causa situações muito embaraçosas, principalmente quando presenciadas por terceiros.

Comecemos pela saúde: é im-po-ssível estares a falar com alguém sobre uma consulta da tua criança e não dizeres que ela foi à Veterinária (já passámos a barreira dos 6 meses e continua-me a acontecer); sempre que se fala de vacinas estás à espera que seja desta que vem a da tosse do canil; e sempre que ouves “vamos pesá-la”, começas a olhar para o chão à procura da plataforma da balança.

Depois há aquela awkwardness que só os progenitores da criança é que sentem… Sempre que perguntam a idade da criança e nós respondemos em meses, não conseguimos não sentir que estamos a falar do cão, e sempre, mas sempre, que nos cruzamos/encontramos com pessoas com outras crianças não conseguimos não imaginar aquele ritual do “Que giro… Que idade é que tem? Está castrado? Quer soltá-los?”.

E os nomes trocados? Ai os nomes trocados...

Last but not the least, vem a questão dos mimos e dos afagos… É que fazer “baby talk” e festas na cabeça a uma criança recém nascida pode parecer normal aos olhos do mais comum dos mortais... Mas é muito estranho para um pai que está habituado a fazer o mesmo há uns anos a um labrador de quase 40Kg…

Fora isto, é terem bons cartões de memória, para aguentar gigas e gigas daquelas fotografias e vídeos fofinhos, que dão imensos likes e views no facebook e no Instagram.

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